quarta-feira, 26 de abril de 2017

A. K. M. SILVA / GUSTAVO - AÇÃO E REAÇÃO - II e FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO



AÇÃO E REAÇÃO -  II


Meus irmãos

Casados já alguns anos, não tinham filhos. Viviam em perfeita harmonia com as alegrias e dificuldades de um casal comum.

Amparava-os o amor recíproco que se dedicavam, mas no imo daqueles corações, tristeza velada: “Não tinham filhos”.

A mulher quedava-se tristonha e pensativa. Foram feitas inúmeras tentativas. Tratamentos constantes, exames periódicos, tudo em vão.

Finalmente, resolveram adotar uma criança que preenchesse o vazio daquelas vidas, que enchesse aquela casa de alegria, de sorriso, de barulho.

Após minuciosa e prolongada procura, tomaram para sua guarda e adoção pequenina recém-nascida que passou a ser, desde então a alegria de suas vidas.

Desdobram-se em desvelo, sacrificaram-se para da a filha querida todo carinho, todo amor acumulado, todo conforto material possível. Já não admitiam a hipótese de que ela não fosse legítima filha. Porém ao completar 10 anos adquiriu a menina moléstia desconhecida, sintomas não identificados, febres intermitentes. Médicos requisitados. Todos os recursos aplicados, mas nada adiantou, ao cabo de alguns dias a pequenina desencarnou.

      Desespero absoluto, tristeza total, particularmente para aquela mulher que revoltada bradou aos céus: “MEU DEUS, MEU DEUS, COMO SOU DESGRAÇADA, QUE MAL FIZ EU PARA MERECER TAMANHO CASTIGO?”

- UM SÉCULO ATRÁS.

Casados já há alguns anos, não tinham filhos. Viviam em perfeita harmonia. Ele, ela, destaques da alta socieade da época. Até que um dia, recebeu ela o aviso de ter sido escolhida para exercer o divino dom da maternidade. REVOLTOU-SE de imediato. Jamais. Não consentirei que gravidez indesejável cercei a minha liberdade, sacrifique a minha formosura, desgaste a minha esbeltez... Orgulhosa, fútil, vaidosa, não titubeou em praticar ação criminosa que a livrasse daquele mal, na sua opinião.

E veio a segunda vez e novamente o ato criminoso. E veio a terceira e a quarta. A partir daí, já abandonada pelo esposo que não concordava com aquelas ações, passou a viver vida mundana, ôca de realizações, até o dia em que seu espírito foi chamado de regresso ao espaço, para muitos anos mais tarde, já reencarnado, bradar aos céus: “MEU DEUS, MEU DEUS, COMO SOU DESGRAÇADA, QUE MAL FIZ EU PARA MERECER TAMANHO CASTIGO?”

Meus queridos irmãos, meditai sobre o exemplo. Não há causa sem efeito. Não há ação sem reação. A sabedoria de Deus é grandiosa. O seu amor é magnânimo, mas a sua justiça é implacável.

GUSTAVO

Médium: A. K. M. Silva

Fonte: Livro: AMOR E PAZ – A. K. M. Silva/Gustavo – 1981



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FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO


Meus irmãos,

A jovem senhora, elegante e orgulhosa, acabara de fazer compras em uma grande mercearia.

Saía com uma sacola em cada mão, abarrotadas de mercadorias, tão cheias que uma delas eram visíveis lindos cachos de uva acondicionados em embalagem plástica.

Logo que atingiu a via pública, foi interceptada por outra mulher, esta magra, de aparência doentia, trazendo pela mão, pequenina criança e tendo ao colo outra, ainda menor.

- Pelo amor de Deus, por caridade, a senhora me daria alguma coisa que diminuísse a fome, não minha, pois sou adulta e principalmente mãe, sempre soube superar o sofrimento, mas para essas pequeninas crianças, necessitadas e famintas?

Com olhar de indiferença, a outra respondeu:

- Não posso, a caridade é missão social do governo. Também tenho uma filha pequena, mas trabalho para ajudar no seu sustento. Por que você também não procura trabalho?

E seguiu adiante, indiferente, alheia, altaneira.

Ao chegar em casa, sua primeira providência foi desembalar as frutas, lavando-as, colocando-as em pequena bandeja e oferecendo-as com carinho, à sua pequenina e única filha.

A menina com os olhos aguçados pelo apetite saiu com as frutas para o jardim da mansão. Passaram-se alguns minutos e eis que a pequenina adentra a casa com a bandeja totalmente vazia. Surpresa a mãe lhe pergunta: - Filha, chupastes todas as uvas?

- Não chupei nenhuma, pois ao chegar ao jardim vi passar na calçada uma mulher magrinha, puxando uma criança pequenina pela mão e tendo outra ainda menor no colo. Elas não me viram, mas fiquei com pena e pela grade dei todas as frutas para as meninas.

A mulher cuja fisionomia já se transfigurava diante da narrativa daquela criança, aconchegou a filha ao peito e deixou escapar lágrimas de arrependimento e pediu ao Senhor que protegesse sempre aquele pequenino ser que lhe fez compreender questão tão edificante, quebrando em definitivo o seu orgulho, o seu desdém.

“Bem-aventurados os que tem limpos os corações, porque verão a Deus.”

“Fora da caridade não há salvação”

Rio, 15/Mar./80.


GUSTAVO


Médium: A. K. M. Silva

Fonte: Livro: AMOR E PAZ – A. K. M. Silva/Gustavo – 1984.

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