quinta-feira, 26 de julho de 2012

A. K. M. SILVA / GUSTAVO - AÇÃO E REAÇÃO - I


AÇÃO E REAÇÃO - I

Meus irmãos.

Que criança infeliz, diziam todos. Que criança infeliz? Rosto angelical, olhos azul-celestes, capazes de refletir imagens. Tez aveludada, porém, as mãos atrofiadas, ressequidas, mutiladas. 
Não raro, pessoa menos esclarecida revolta-se contra Deus não se conformando com tão grande castigo em tamanha inocência. Voltemos ao tempo. Muito...muito.
Sentado no seu trono resplandecente de ouro e pedras preciosas, poderoso e implacável monarca governava o seu reino. Cruel, déspota, ambicioso, autoritário. Ao rei tudo. Ao povo nada. Suas inúmeras conquistas se projetavam apenas num sentido: aumentar a sua fortuna, abarrotar os cofres reais.
Certo dia, escândalo na corte. O tesoureiro do reino, aflito, dirigiu-se ao seu soberano para dar-lhe a trágica notícia. A sala do tesouro violada. A ira do rei brotou-se em toda a amplitude. Tragam-me o culpado.
Patrulhas diligentes vasculharam todo o reino à procura do audacioso gatuno. Tudo em vão. Tudo inútil. Finalmente, talvez para justificarem-se, à presença do soberano levaram-lhe antigo e leal servo que de quando em vez guardava as portas da sala do tesouro. O pobre homem protestou inocência. E ele foi castigado, torturado, seviciado e a negativa persistiu: - Sou inocente.
Foi levado novamente à presença real para a sentença definitiva e ela veio dura, fria, implacável. - As mãos que roubam uma vez não devem fazê-lo nunca mais. Que sejam essas mãos decepadas. E assim foi.
Com o coração mais dorido que as suas carnes, com a injustiça e lhe doer mais que as feridas, o infeliz resistiu ao flagelo. E tempo depois, já curados os ferimentos, rogou ao soberano continuar servindo na corte, não só pelo sentido de lealdade mas pela necessidade de sobrevivência. E o monarca consentiu.
Certo dia, ao sair para a caça, o soberano ordenou que seu servo o acompanhasse, mas numa curva do caminho, à beira de um precipício, o fogoso animal que cavalgava sofreu violenta queda lançando-o ao solo. Já com o corpo projetado no abismo, tendo apenas como apoio as mãos agarradas a raízes e a pedras, gritou por socorro, e o servo veio ao seu auxílio. - Salva-me. Estenda-me as mãos. E só então, quando deparou com aqueles membros mutilados recordou-se que ele próprio escrevera a sua sorte. As forças lhe faltaram e o seu corpo projetou-se no abismo.
Retornemos no tempo. - Que criança infeliz, diziam todos, e nós dizemos que espírito feliz e privilegiado, que conseguiu da suprema sabedoria o resgate de suas faltas do passado, ao encarnar um corpo com os membros superiores mutilados. ele que condenara a mutilação desses membros em encarnação passada.
Queridos irmãos. Não vos revolteis com as deformações físicas que repelem e escandalizam a humanidade. As leis de Deus são as únicas completamente perfeitas, perfeitamente sábias, sabiamente imutáveis.

Graças a Deus
Paz, paz, paz.
Rio, 22/Maio/1973.

Médium: A. K. M. Silva

Espírito: Gustavo Fonte: Página extraída do livro: Amor e Paz - A. K. M. Silva - Espírito Gustavo.