terça-feira, 7 de novembro de 2023

ALLAN KARDEC - A NATUREZA DOS TRABALHOS ESPÍRITAS


A natureza dos trabalhos espíritas exige calma e recolhimento. Ora, não há recolhimento possível se somos distraídos pelas discussões e pela expressão de sentimentos malévolos. Se houver fraternidade não haverá sentimentos de malquerença; mas não pode haver fraternidade com egoístas, com ambiciosos e orgulhosos. Com orgulhosos, que se escandalizam e se melindram por tudo; com ambiciosos, que se decepcionam quando não têm a supremacia, e com egoístas que só pensam em si mesmos, a cizânia não tardará a ser introduzida e, com ela, a dissolução. É o que gostariam os inimigos e é o que tentarão fazer. Se um grupo quiser estar em condições de ordem, de tranqüilidade, de estabilidade, faz-se mister que nele reine um sentimento fraternal. Todo grupo que se formar sem ter por base a caridade efetiva, não terá vitalidade, ao passo que os que se fundarem segundo o verdadeiro espírito da doutrina olhar-se-ão como membros de uma mesma família que, embora não podendo viver sob o mesmo teto, moram em lugares diversos. Entre eles a rivalidade seria uma insensatez; não poderia existir onde reina a verdadeira caridade, porquanto esta não pode ser entendida de duas maneiras. Assim, reconhecereis o verdadeiro espírita pela prática da caridade em pensamentos, palavras e ações; e vos digo que aquele que em sua alma nutrir sentimentos de animosidade, de rancor, de ódio, de inveja ou de ciúme, mente a si mesmo se aspira a compreender e a praticar o Espiritismo.


Allan Kardec – Revista Espírita -  Fevereiro de 1862