O MAIS CRISTÃO
Estávamos em
trabalho na colônia “Caminheiros da Luz” e, após as decisões que foram tomadas
para tarefas junto aos irmãos na Terra, dirigimo-nos para o pátio onde os
abrigados se colocavam em grupos bem distintos.
Um dos grupos
conversava sobre Catolicismo e ouvia as palavras de um padre recém abrigado na
colônia. Ali, as mais puras observações eram feitas e se sentia, sinceramente,
a fé em cada coração. Mais adiante, víamos, em volta de uma Bíblia, aqueles que
haviam sido na terra, os chamados crentes, da Igreja Luterana. Falavam sobre o
verbo iluminado de Jesus, detinham-se em estudos aprofundados do Evangelho e
permutavam alegria em hosanas ao Senhor. Outro grupo era de espíritas. Falavam
sobre as tarefas espiritualistas, sobre o atendimento em caravanas, sobre a
preparação que era necessária para se integrar ao trabalho cristão. E muitos
contavam as suas vivências nas reuniões de comunicações espíritas, no plano
terreno, a caridade que se havia exercido, as alegrias da luz a lhes aclarar o
espírito, dentro dos ensinamentos kardecistas.
E eu percebi que um
homem solitário trabalhava sem cessar, ajudando alguns enfermos incapazes de
participar de quaisquer daquelas reuniões. Incansavelmente atendia a um, ouvia o
outro, socorria, com uma presteza de chamar a atenção. E o grupo daqueles que
não podiam se integrar a outras equipes era muito grande... Muitos não se
locomoviam, outros estavam estáticos, outros, tristes, choravam, e ele,
atendendo a todos. Eu me dirigi até ele e perguntei: “Meu filho, qual foi a sua
religião na Terra?” Ele disse: “Fui ateu. Não acreditava em Deus, não
acreditava na sobrevivência do espírito, não participei de templos nem de
igrejas, não fui a nenhuma reunião espírita. Mas eu acredito que as criaturas
sofrem e que nós podemos fazer alguma coisa por elas. Creio que podemos atender
a um rosto triste, cheio de pranto, secar a lágrima... Fui ateu e tenho
procurado me instruir nas reuniões em que me dão esclarecimentos. Infelizmente,
eu sou ainda um espírito muito carente de conhecimentos. Preciso me exercitar
melhor no campo da religião.”
Quando olhei para os
três Ministros que estavam comigo, todos os três sorriram, porque ali estava um
homem que, sem passar por nenhuma escola religiosa, fazia exatamente aquilo que
Jesus pregou, exemplificou e nos advertiu que fizéssemos: amássemos aos nossos
semelhantes como a nós mesmos. Ali estava uma criatura humilde e serviçal, irmã
dos seus irmãos na dor, sem perder tempo. Ele serviu sem cessar, enquanto que
os outros, que tinham conhecimentos religiosos e conhecimentos até da vida
além-túmulo, discutiam, discutiam e discutiam as verdades pregadas no Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo... Quem era, realmente, irmão do seu irmão, quem
era, naquele pátio, o mais cristão? A essa pergunta, Jesus responderia: “Exatamente
aquele que acreditava muito pouco, mas que servia a todos!”
BEZERRA DE MENEZES
Médium: Shyrlene
Soares Campos
Fonte: Livro:
Bezerra de Menezes o Médico de Nossas Almas Shyrlene Soares Campos/Bezerra de Menezes –
Núcleo Servos Maria de Nazaré.
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