quarta-feira, 21 de outubro de 2015

ELIZABETH D’ESPÉRANCE - OS PUROS DE ALMA E CORPO



OS PUROS DE ALMA E CORPO



Enquanto a toupeira não tem outra ocupação senão a de cavar a terra, donde tira a sua subsistência, e de formar torrõezinhos, cega a tudo o que a rodeia, a cotovia, embora construindo o seu ninho no chão, pode, graças às suas asas velozes, lançar-se na atmosfera transparente e rica de sol, desprendendo um hino alegre de reconhecimento.

É para os que se assemelham a esta última que as seguintes palavras foram ditas: “Felizes os corações puros, porque verão a Deus!” Somente aqueles que são puros de alma e corpo, e desejam sinceramente esclarecer-se, poderão achar a verdade. O homem cujo espírito se acha manietado nos laços de seus apetites, cujo cérebro se tornou pesado pelo veneno da nicotina ou pelos vapores do vinho, nunca será chamado a comungar com os habitantes do mundo invisível. Aquele que é impelido, a princípio, pelo desejo de nutrir alguma ideia favorita, algum sonho vago, pelo desejo de constituir uma teoria e aumentar a sua reputação de homem científico ou inventor, não está mais bem preparado para tal obra. A menos que ele não seja levado por um motivo melhor e mais puro que aqueles que acabo de indicar, não convém que o deixeis envolver-se em experiências espíritas, porque ele baqueará. Aquele que não procura senão descobrir a fraude nos outros, traindo assim sua própria cumplicidade, achará o que procura: a mentira e o embuste, porque nunca descobrirá a verdade.

A vós todos, porém, que estais fatigados da vida, de seus cuidados incessantes, de seus amargores e sofrimentos; a vós, cuja alma aspira à certeza, que vistes partir seres amados, deixando-vos no coração a dor e o desespero, que tendes o desejo sincero de obter provas da sobrevivência; é a vós que me dirijo. Purificai o vosso espírito de todo preconceito, o vosso cérebro de todo veneno, o vosso corpo das impurezas causadas pelas enfermidades, filhas dos vossos apetites, e buscai confiantes a verdade, porque achareis o que procurais. O terreno que ides calcar é sagrado; não o profaneis com os pés manchados pelo lodo da suspeita; não olheis como indigno de confiança o instrumento com o auxílio do qual vos aproximareis do vosso fim. Vinde!

Mas com o desejo sincero de vos instruirdes, e não contando com as faltas e os erros de vosso próximo. Buscai humildemente a verdade, porque isso não será em vão; mas, se não aspirais a encontrar essa verdade no recolhimento e com o desejo sério de ser socorridos, não percais inutilmente o tempo nessa investigação.

“Quando duas ou três pessoas estiverem reunidas em meu nome, estarei com elas”, disse o Mestre. Dá-se o mesmo com as questões de que nos ocupamos. Quando muitas pessoas estiverem reunidas, dispostas a estudar com seriedade; quando nenhum elemento de dúvida ou suspeita introduzir-se no círculo, e que todos, o médium e os assistentes, estejam animados do mesmo desejo da verdade, as manifestações serão melhores e mais puras que nos antigos tempos das gaiolas, gabinetes, provas, etc., que tantas vezes davam decepções.


ELIZABETH D’ESPÉRANCE


Fonte: Livro: No País das Sombras – Elizabeth d’Espérance.

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