OS PUROS DE ALMA E CORPO
Enquanto a toupeira não tem outra ocupação senão a de
cavar a terra, donde tira a sua subsistência, e de formar torrõezinhos, cega a
tudo o que a rodeia, a cotovia, embora construindo o seu ninho no chão, pode,
graças às suas asas velozes, lançar-se na atmosfera transparente e rica de sol,
desprendendo um hino alegre de reconhecimento.
É para os que se assemelham a esta última que as
seguintes palavras foram ditas: “Felizes os corações puros, porque verão a Deus!”
Somente aqueles que são puros de alma e corpo, e desejam sinceramente
esclarecer-se, poderão achar a verdade. O homem cujo espírito se acha manietado
nos laços de seus apetites, cujo cérebro se tornou pesado pelo veneno da
nicotina ou pelos vapores do vinho, nunca será chamado a comungar com os habitantes
do mundo invisível. Aquele que é impelido, a princípio, pelo desejo de nutrir
alguma ideia favorita, algum sonho vago, pelo desejo de constituir uma teoria e
aumentar a sua reputação de homem científico ou inventor, não está mais bem preparado
para tal obra. A menos que ele não seja levado por um motivo melhor e mais puro
que aqueles que acabo de indicar, não convém que o deixeis envolver-se em
experiências espíritas, porque ele baqueará. Aquele que não procura senão descobrir
a fraude nos outros, traindo assim sua própria cumplicidade, achará o que
procura: a mentira e o embuste, porque nunca descobrirá a verdade.
A vós todos, porém, que estais fatigados da vida, de
seus cuidados incessantes, de seus amargores e sofrimentos; a vós, cuja alma
aspira à certeza, que vistes partir seres amados, deixando-vos no
coração a dor e o desespero, que tendes o desejo sincero de obter provas da
sobrevivência; é a vós que me dirijo. Purificai o vosso espírito de todo
preconceito, o vosso cérebro de todo veneno, o vosso corpo das impurezas
causadas pelas enfermidades, filhas dos vossos apetites, e buscai confiantes a
verdade, porque achareis o que procurais. O terreno que ides calcar é sagrado;
não o profaneis com os pés manchados pelo lodo da suspeita; não olheis como
indigno de confiança o instrumento com o auxílio do qual vos aproximareis do
vosso fim. Vinde!
Mas com o desejo sincero de vos instruirdes, e não
contando com as faltas e os erros de vosso próximo. Buscai humildemente a verdade,
porque isso não será em vão; mas, se não aspirais a encontrar essa verdade no
recolhimento e com o desejo sério de ser socorridos, não percais inutilmente o
tempo nessa investigação.
“Quando duas ou três pessoas estiverem reunidas em meu nome,
estarei com elas”, disse o Mestre. Dá-se o mesmo com as questões de que nos
ocupamos. Quando muitas pessoas estiverem reunidas, dispostas a estudar com
seriedade; quando nenhum elemento de dúvida ou suspeita introduzir-se no
círculo, e que todos, o médium e os assistentes, estejam animados do mesmo desejo
da verdade, as manifestações serão melhores e mais puras que nos antigos tempos
das gaiolas, gabinetes, provas, etc., que tantas vezes davam decepções.
ELIZABETH D’ESPÉRANCE
Fonte: Livro: No País das Sombras – Elizabeth
d’Espérance.
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