sexta-feira, 24 de julho de 2015

DOLORES BACELAR / UM JARDINEIRO - O ROUXINOL E A LÁGRIMA


O ROUXINOL E A LÁGRIMA
       


A tarde iluminada em tons de madrepérola anunciava o noturno, quando  ouvimos cantar o rouxinol nas ruínas da pequena ermida.

Como um conserto de harpas angelicais, o canto daquela ave trazia-nos ao coração uma mensagem de paz e harmonia.

Embevecidos, escutávamos...

Então o “rish” começou a narrar uma antiga lenda:

- Há muito tempo atrás, certa avezinha que não sabia cantar vivia triste no bosque, enquanto as outras aves escutavam em harmonioso gorjeios a alegria das alvoradas e a tristeza dos ocasos.

Ao vê-la infeliz, a fada do bosque segredou-lhe um dia, meio misteriosa:

- Se beberes a lágrima milagrosa, aquela mais triste, entre todas as lágrimas do mundo, poderás cantar, e teu canto simbolizará para sempre a harmonia da Natureza.

- Se assim for – exultou a ave – como serei feliz, então!

- Não, pequena ave, porque teu canto jamais será compreendido neste mundo.

E assim dizendo, a fada do bosque desapareceu entre a pétala de uma orquídea branca.

A avezinha, voou, pensativa...

Onde estaria a lágrima mais triste que a faria cantar?

Lembrou-se então de certa mulher, uma camponesa, que chorava inconsolável a morte do filho único.

Deixando o bosque, voou para a casa dessa mulher, onde pousou no telhado. Ouviu o som de uma cantiga de ninar vindo do interior da casa. Era a voz da camponesa que acalentava a um novo filho.

- Já não há tristeza nessa voz... – pensou a ave. E voou para longe.

Talvez – imaginava – a lágrima mais triste do mundo estivesse no olhar de uma criança órfã. Certa vez vira um menino que perdera o pai e vivia tão  infeliz que seus olhos fatigados pelo pranto, perderam o brilho e cor, como boninas emurchecidas.

Procurou a criança e encontrou-a sorrindo entre brinquedos, feliz, abrigada em novo lar.

Desanimada, a avezinha voou para mais longe. Certamente jamais encontraria a milagrosa lágrima de que falara a fada do bosque.

Enquanto voava, ocorreu-lhe que talvez ela brotasse no olhar das almas sem amor, e com isso renasceu em seu coraçãozinho a esperança.

Ouvira falar de certa jovem que morria de dor porque seu noivo a deixara no último inverno, e passava os dias ao pé de uma maciera onde recordava os instantes felizes que ali vivera junto ao seu amado.

O pequeno pássaro encontrou-a sob a mesma árvore, porém trocava juras de amor com outro jovem.

- É primavera – diziam as flores da macieira, a lembrar que os amores humanos passam com as estações...

Voou então para bem longe... ansioso de fugir a tudo, esquecer sua vidinha inútil, sem poesia, sem a alegria das manhãs e tardes de sol.. Esqueceria mesmo seu sonho de um dia cantar entre os pássaros... Voou em desespero, durante muito tempo. Atravessou campinas e desertos, sobrevoou altas montanhas, até que cansado, pousou nos galhos de uma oliveira. Percebeu, então que alguém falava ali bem perto. Ouviu uma voz suave, diferente de outras vozes, que dizia mansamente:

- Vinde a mim todos os que sofrem... Todos os pequeninos...

Era a voz do divino “Swami” que peregrinava pela terra a pregar o amor e a esperança entre a multidão dos miseráveis.

- Sou pequenino e sofro... – pensou a avezinha. E atraída pela voz, como todos os tristes e sofredores, passou desde aí a acompanhar o “Swami” a toda parte. Se o Mestre Divino caminhava em meio aos bosques perfumados de Jericó, ou nas planícies da Samaria, perto dele voava a avezinha. Seguindo-o, pousava, ora sobre um mastro das embarcações do mar da Galiléia, ora sobre os cedros do monte Cinor.

Acompanhando o “Swami”, aspirou o pó de muitas estradas, conheceu povos e cidades estranhas. Percorreu vales e montes, sempre a seguí-lo, incansável, sem medir distâncias. Ouvindo-o, esquecera as mágoas, compreendeu que, além de sua vida, havia sofrimentos e dramas ainda maiores que o seu. Se não cantasse mais. Não lhe importaria.. Importava conhecer o amor e a bondade como os ouvira ensinar o “Swami”, desde Nazaré a Jerusalém, do monte Hermon ao Tabor.

Onde estivesse o Mestre, ali estava a avezinha, pousada em alguma parte, a ouvi-lo em silêncio... Seus pequeninos olhos, fitando a figura do Mestre, pareciam entendê-lo mais que aqueles que o acompanhavam.

E naquela tarde, a tarde do Sermão da Montanha, enquanto o “Swami” entoava o cântico da misericórdia divina, o pequeno pássaro escutava-o em êxtase. A folhagem dos sicômoros  também estremecera a ouvir a balada das bem-aventuranças, e um raio de sol retardara-se no ocaso, esperançoso de ouvi-la.

Ao soar a última nota do sublime canto, a avezinha chorava o doce pranto das almas que encontram Deus...

No entanto, a multidão que seguira o “Swami” até ali, já se dispersara. A maioria viera em busca de alimento material, porque ouvira contar sobre a multidão de peixes. Muitos, inclusive, partiram a murmurar impropérios e escárnios. Até mesmo os discípulos do “Swami” tinham-no deixado naquele momento, sozinho sobre o monte.

E seu olhar de tristeza infinita e de infinita piedade, acompanhou a multidão descendo a montanha, na pressa de satisfazer os apetites materiais.

Distante, recortada entre os rochedos nus, sinuosa e íngreme, avistava-se a ladeira do Sangue  conduzindo ao Gólgota.

Além, no monte das Oliveiras, perto da aldeia de Betfagé, delineava-se a silhueta do Templo, fulgurante de ouro e mármore, esplendendo como a neve do Hermon sob o sol.

Lá embaixo, amontoadas e sujas, as casas do eirado de Jerusalém lembravam ninhos de vespas.

E o “Swami” estremeceu diante daquele cenário...

O Getsêmani, o Sinédrio, a multidão a apedrejá-lo, a Cruz e o Calvário, antecederam-se em sua mente. Sofreria até mesmo a negação de Cephas, seu amado discípulo, o que haveria de entristecê-lo mais que a traição de Judas.

De olhos no infinito, o doce “Swami” exclamou em angústia:

- Oh! Pai, que eu beba até o fim o cálice das amarguras, mas que a Humanidade aprenda a amar o amor pelo Amor...

Tristeza indefinível envolvia o olhar do Mestre... Chegavam até ele, ainda, os insultos e zombarias da multidão insatisfeita. Quando compreenderiam o cântico das bem-aventuranças?  E seu coração pulsava pleno de piedade pelas fraquezas e misérias humanas...

Um gemido escapou-lhe do peito, triste e doloroso, ressentindo toda a ingratidão, incompreensão e abandono dos homens por quem breve ofertaria a vida...

Naquele instante – conta a lenda – o pequeno pássaro, único que não se retirara do monte, veio pousar, aflito, aos pés do Mestre, compadecido de sua dor.

Com olhos ansiosos, o peito arfante, a avezinha parecia dizer ao amado “Swami”:

- Não chores, divino “Swami”...  Os homens  não compreenderam ainda o teu cântico, mas as aves, quando estiveres junto ao Pai, o repetirão por toda a terra. A Humanidade despertará um dia, e cantará, toda ela, o teu Evangelho, alcançando a Harmonia e a Paz das Bem-Aventuranças.

O “Swami” curvou a cabeça e fitou a pequena ave. Seus olhos estavam banhados de pranto, e do olhar do Mestre uma lágrima caiu, trêmula, no bico da avezinha...

E foi aí, então... diz a lenda – que a Natureza embevecida, ouviu pela primeira vez o canto do rouxinol.




                               UM JARDINEIRO



Médium: Dolores Bacelar
Fonte: Livro:A Sombra do Olmeiro – Dolores Bacelar/ Um Jardineiro – Editora Correio Fraterno

quinta-feira, 23 de julho de 2015

EDWARD BACH - SÁBIAS PALAVRAS DO Dr. EDWARD BACH REFERENTES ÀS ENFERMIDADES, QUE TEM A CONCORDÂNCIA DA DOUTRINA ESPÍRITA



SÁBIAS PALAVRAS DO Dr. EDWARD BACH REFERENTES ÀS ENFERMIDADES, QUE TEM A CONCORDÂNCIA DA DOUTRINA ESPÍRITA





A doença é única e puramente corretiva; nem vingativa, nem cruel. É o método adotado pelas nossas próprias almas para mostrar-nos os nossos erros, impedir-nos de cometer erros maiores, obstar a que façamos mais mal e trazer-nos de volta ao caminho da Verdade e da Luz, do qual nunca deveríamos ter saído.

A função da moléstia física é a de um corretivo final. Para dizê-lo de maneira mais simples, é uma luz vermelha de advertência, a indicar muito claramente que alguma coisa precisa ser feita logo, pois, a não ser assim, disso se seguirá o malogro total, mais cedo ou mais tarde.

Cada um de nós tem o poder da cura, porque todos nós temos no coração amor por alguma coisa, pelo nosso próximo, por animais, pela natureza, pela beleza e cada um de nós deseja proteger e ajudar a melhorar o que amamos. Cada um de nós também sente simpatia por aqueles que estão em desgraça e isso é natural, pois todos nós já estivemos em desgraça vez ou outra em nossas vidas. Desse modo, não apenas podemos nos curar, mas também temos o grande privilégio de sermos capazes de ajudar os outros a se curarem e as únicas qualificações necessárias são o amor e a compaixão.
 
Não estamos todos aprendendo a mesma lição ao mesmo tempo. Um está dominando o orgulho; outro, o medo; outro, o ódio e assim por diante, mas o fator essencial para a saúde é que aprendamos a lição que nos foi destinada.

Não existe cura autêntica, a menos que haja uma mudança de perspectiva, serenidade mental e felicidade interior.

Não existem doenças, existem doentes.

Nossa vitória sobre a enfermidade dependerá principalmente do seguinte: primeiro, tem que ter consciência da Divindade que existe dentro de nós e, por tanto, de nosso poder para superar as adversidades. Segundo têm que saber que a causa básica da enfermidade obedece a falta de harmonia entre a pessoa e a alma. Terceiro, tem que ter a vontade e a capacidade de descobrir o defeito que causa semelhante conflito. E em quarto lugar, tem que suprimir esse defeito desenvolvendo a virtude contrária.

 
Fonte: Livro: A Terapia Floral – Escritos Selecionados de Edward Bach – Editora Ground.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ - QUANDO LÁ CHEGAREI / O SONHO DE DAVI / DE SÓCRATES




QUANDO LÁ CHEGAREI?



Queridos amigos, já vos disse que o fim de todo o estudo é chegar ao conhecimento de si mesmo. 

Perguntareis, talvez: “E quando lá chegarei?” Isto depende de vós mesmos; quem trabalha assiduamente, conclui o seu trabalho mais depressa do que quem trabalha vagarosamente ou até senta-se ou deitar-se em vez de trabalhar. Posso dizer-vos apenas que, sem estudar, não se aprende ciência alguma; e que todo estudante sério se dedica ao estudo com gosto, aplicação e perseverança. Vou contar-vos a história de um viajante: Ia um viajante, a pé, a uma cidade. Descansando, sentou-se à beira da estrada. Passou por ele um camponês que ia lavrar suas terras.

O viajante levantou-se e, saudando-o, perguntou:

- Em quantas horas chegarei a cidade?

O camponês respondeu: 

- É preciso que caminheis.

- Eu bem sei que preciso caminhar – retrucou o viajante -, mas poderia dizer-me em quantas horas lá chegarei?

- É preciso que caminheis – repetiu o camponês.

O viajante julgou que o homem era louco e pôs-se a caminhar bem depressa.

Apenas tinha dado alguns passos, gritou-lhe o camponês:

- Em duas horas poderei estar na cidade.

Estupefato, indagou o viajante:

- E por que não me disseste antes?

Ao que o outro replicou:

- Como eu vos podia dizer antes de ver se caminháveis depressa ou devagar? 

Assim, meus caros amigos, também vos deveis caminhar na estrada do progresso, antes que se possa dizer-vos se estais ou não perto do vosso alvo.


FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ - Escritor místico tcheco, doutor em Cabala, ocultista, poliglota, Esperantista - 1872-1957. A FEB, publicou algumas obras valiosas de sua autoria. 

Fonte: Livro: No Jardim da Alma - Francisco Valdomiro Lorenz - Editora Lorenz. 1918.


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O SONHO DE DAVI



Estava o jovem Davi repousando, numa noite, debaixo de uma árvore, num campo onde apascentava seus rebanhos. A noite era clara e calma, e Davi observava o céu sereno, em cujas alturas cintilavam milhares de lindíssimas estrelas.

“Oh! se eu tivesse as asas de águia”, exclamou entusiasmado o pastor, “para poder voar até lá onde brilham esses astros, e onde os anjos e arcanjos, mergulhados nos esplendores inefáveis, gozam da presença imediata de Deus”.

Nisto apareceu a seu lado um anjo e disse-lhe: “O teu desejo, Davi será satisfeito”. E tocando com a sua mão os olhos do jovem, adormeceu-o. E Davi sonhou, e o seu sonho elevou-o às alturas aneladas, e ali passou ele, de astro em astro, e de um céu a outro, e viu milhares de seres espirituais, falou com eles e percebeu que, em poucos minutos aprendia muito mais ali do que em anos inteiros na terra. Por toda parte reconhecia uma perfeita ordem e harmonia imperturbável. A sua alma sentiu-se como um elo na infinita cadeia dos seres, e naquele momento esteve consciente da sua união íntima com o Todo. Nisso olhou para baixo, para a terra, e notou que as suas ovelhas iam-se afastando do lugar onde as deixara, correndo na direção de um atoleiro. Uma angustiosa ideia de poderem perder-se apoderou-se dele, e com um forte desejo de acudir-lhes, voltou à terra e despertou-se. 

“Foi uma ilusão?” perguntou a si mesmo, vendo que o rebanho não se tinha ausentado.

Mas o anjo reapareceu-lhe dizendo: 

“O que o teu espírito viu, foi realidade. Porém não te esqueças que as coisas espirituais hão de ser compreendidas espiritualmente. Não pudeste permanecer por muito tempo nas regiões etéreas, porque tens ainda deveres para cumprir na terra. O teu rebanho de ovelhas simbolizou-te estes Deveres, que te fizeram abandonar o céu, para não os negligenciares. Todas as vezes, porém, que a tua alma sentir em si atração das esferas celestes, poderás voar às regiões elevadas nas asas da tua intuição”. 


FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ - Escritor místico tcheco, doutor em Cabala, ocultista, poliglota, Esperantista - 1872-1957. A FEB, publicou algumas obras valiosas de sua autoria. 

Fonte: Livro: Contos e Apólogos - Francisco Valdomiro Lorenz - Editora “O Pensamento.


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DE SÓCRATES


No ano 470 antes de Jesus Cristo, nasceu em Atenas um homem extraordinário, que a Providência divina encarregou de elevada missão, de regenerar a vida espiritual da Grécia, envenenada pela expansão do ceticismo e sofisma. Os cépticos, duvidando de tudo, levavam diretamente ao ateísmo; porque quem duvida de tudo, como poderá afirmar a existência de Deus? Os sofistas, acostumados a sustentar, em todas as questões, tanto o pró como o contra, não podiam dar bases firmes nem a filosofia, nem à moralidade. Ambos esses grupos produziram uma crise perigosa na sociedade, porque à sombra das suas doutrinas corrompiam-se os costumes e minavam-se as instituições fundamentais da ordem.

Já o nome de Sócrates, prova a sua missão providencial, pois significa: força da Razão. Sim, foi necessário dar ao mundo um homem que provasse, por sua vida, seus ensinos e sua conduta, a força da razão são e iluminada pela luz da intuição. Sócrates justificou o seu nome que a posteridade venera como um modelo de critério nas investigações e de irrepreensível moralidade no proceder. As suas doutrinas levam ao conhecimento e culto da Divindade; afirmam a vida imortal da alma, caminho que os homens devem seguir para se prepararem dignamente à vida no além do túmulo, onde cada alma recebe o prêmio das boas e o castigo das más ações que praticou.

Assim como mais tarde o divino Jesus, também Sócrates foi perseguido pelas autoridades e por elas condenado à morte. Acusaram-no de pregar ateísmo e de corromper a mocidade. Ateu – ele, que baseava toda a sua doutrina no conhecimento e reconhecimento de Deus! Corruptor da mocidade – ele, que aconselhava aos jovens o estudo e a prática das boas obras! Que injustiça!

O grande filósofo foi preso, aos setenta anos de idade, e condenado a beber cicuta. Vindo visitá-lo antes da morte, a sua mulher desatou a chorar, exclamando: "És inocente e, contudo, deves morrer?!” Ao que Sócrates respondeu, com calma: “Acho que é muito melhor, para mim, sofrer a morte e ser inocente, do que morrer carregado de culpa”.

Alguns amigos tentaram libertá-lo, mas ele negou-se a fugir do cárcere, dizendo: “Sempre ensinei que necessário respeitar-se as leis; como pois, poderia eu mesmo desrespeitar a lei em que baseiam os meus juízes?”

Quando lhe trouxeram a cicuta, que era o veneno que o devia matar, perguntou o que tinha a fazer.

“Nada mais”, respondeu o carcereiro, do que passear depois de ter bebido, até que experimentes peso nas pernas; depois te deitarás, e quando o frio te subir das pernas até o coração, morrerás”.

Então Sócrates bebeu e passeou, falando aos seus discípulos sobre a imortalidade da alma, e quando sentiu dobrarem-se-lhe as pernas, deitou-se e expirou com tranquilidade própria a seu grande espírito. 

Depois de sua morte, os atenienses reconheceram o crime que tinham cometido, condenando e matando um justo, e ergueram-lhe uma estátua.

Como narra Cícero, Sócrates não trouxe desde a nascença qualidades de caráter; a natureza deu-lhe a propensão a vários vícios, mas ele venceu as más inclinações pela força de vontade, por sérios esforços e pela disciplina que a si mesmo impôs.

Uma vez, estando em roda de amigos, encontrou-se o grande filósofo com o fisionomista Zófiro, que afirmava que, pela observação do corpo, face, fronte e vista, podia dizer os costumes e o caráter de uma pessoa. 

“Então prova em mim a tua ciência”, disse-lhe Sócrates, a quem Zófiro não conhecia pessoalmente.

O fisionomista, depois de tê-lo examinado, declarou que era homem de curto intelecto, turbulento e muito apaixonado por mulheres. Não pode prosseguir, porque Alcebíades, ouvindo tais palavras, prorrompeu em forte riso, e também os demais companheiros se riram, porque nunca haviam notado tais vícios em seu mestre. Sócrates, porém respondeu: “Zófiro não está em erro. Eu teria os defeitos por ele indicados, se não tivesse dominado e transformado a minha natureza pela força de minha vontade”. 



FRANCISCO VALDOMIRO LORENZ - Escritor místico tcheco, doutor em Cabala, ocultista, poliglota, Esperantista - 1872-1957. A FEB, publicou algumas obras valiosas de sua autoria. 

Fonte: Livro: Contos e Apólogos - Francisco Valdomiro Lorenz - Empresa Editora "O Pensamento" - 1918.