ORAÇÃO DA ESPERANÇA
Senhor,
Fui terreno árido
para os que de mim se aproximaram.
Fui mar revolto,
turbilhonando as vidas que me cercavam aflitas.
Cavalguei no dorso
da vaidade e varei noites nos enganos da carne, em tormentosa vivência na
secura dos caprichos.
Fui os espinhos a
cravarem-se nos corações pequeninos que sorridentes se achegavam intentando
receber-me o orvalho do amor.
Fui senhora da
ambição, estrela apagada na constelação da vida.
Mas, ante o celeiro
inglório que me fazia cortejo indesejável, percebia que para a alma enganada que
eu fora havia uma janela aberta à verdade, conquanto carregada de minhas
próprias obras.
Conheci, por misericórdia
à consciência sofrida, as chagas da lepra fincada, não só na carne, porém, mais
profundamente na alma. Senti o punhal da traição a escavacar-me as entranhas
arrancando vícios que dormitavam, à séculos, entre as “vísceras” da ALMA.
Tanta ingratidão
falou-me de quanto fora ingrata à vida, a ti, e aos meus semelhantes, mudando
minha fisionomia anterior.
Agradecida estou
ante a esperança de sair do lodo e encontrar os lírios; de alcançar o país da
paz depois de viver no inferno da tormenta íntima. Essa minha oração, Senhor, é
a exaltação da própria esperança que soubesses despertar numa alma ressequida e
amargurada.
E, apesar de tudo,
deste-me ainda forças para que eu pudesse, em minha desvalia, ser o rocio do orvalho
amoroso sobre as pétalas emurchecidas dos jardins das dores levando a cada uma
plantinha do terreno a mesma luz, o mesmo bálsamo e a mesma janela que
trouxeste-me com infinita bondade.
E se pudéssemos
definir as tuas leis as chamaríamos humildemente: Esperança.
MARTA
Médium: Frederico
Menezes
Fonte: Livro:
Páginas da Eternidade – Frederico Menezes/Diversos Espíritos.
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