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quinta-feira, 6 de julho de 2017

GABRIEL DELLANE - PALAVRAS EDIFICANTES



PALAVRAS EDIFICANTES



O estudo das comunicações espíritas provou-nos, de maneira irrefutável, que a situação da alma, depois da morte, é regida por uma lei de justiça infalível, segundo a qual os seres se encontram em condições de existência, que são rigorosamente determinadas por seu grau evolutivo e pelos esforços que faz para melhorar.

Nossas relações com o Além ensinaram-nos, ainda, que não existe inferno, nem paraíso, mas que a lei moral impõe sanções inelutáveis àqueles que a violaram, enquanto reserva a felicidade aos que se esforçaram por praticar o bem, sob todas as formas.

A bondade e a justiça do Todo-Poderoso parecem falhas, quando examinamos as inúmeras desigualdades físicas, morais e intelectuais que existem entre todos os seres, desde seu nascimento.

Por que, diremos com Allan Kardec, se o fim que devemos atingir é o mesmo para todos, favoreceria a Potência Divina certas criaturas, recusando a outras as mesmas faculdades para que chegassem à felicidade futura? É evidentíssimo que existem entre as raças, que povoam a Terra, diferenças profundas de mentalidade, e mesmo em cada nação, desde o nascimento, uma incalculável desigualdade entre todos os indivíduos.

E absolutamente certo que a alma da criança apresenta, desde tenra idade, aptidões diversas e independentes da educação. Por que revelam alguns, desde a infância, aptidões para as artes e para as ciências, enquanto outros ficam medíocres e inferiores toda a vida?

Donde vêm em uns as ideias inatas ou intuitivas, que não existem em outros?

Como admitir que uma alma nova, vinda pela primeira vez à Terra, já esteja gafada de vícios e demonstre irresistíveis propensões para o crime, enquanto outras, ainda que em meios inferiores, possuam sentimentos perfeitos de dignidade e doçura?

Qual será a sorte das crianças mortas em pouca idade, e por que cria a Potência Infinita almas que devem habitar corpos de idiotas e de cretinos, sem utilidade social?

É claro que a educação é impotente para dar aos homens as faculdades que lhes fazem falta, e ela desenvolve, apenas, as que eles trazem do berço.

Se a nossa eternidade futura depende de uma só passagem aqui (o que não passa de um segundo na imensidade do tempo), por que Deus, eterno, infinito, onisciente, para quem não existe passado nem futuro, sabendo a sorte que está reservada a cada criatura, dá-lhe a existência?

Estamos com o direito de perguntar por que cria ele estes monstros, cuja vida é uma série de crimes, e que devem ser castigados com suplícios sem-fim.

Assim, também sabendo o que deve suceder a cada um de nós, porque favorecerá a uns, à custa dos outros, o que é contrário, ao mesmo tempo, à bondade e à justiça de quem Jesus chamou Pai celestial, e cujo amor se deve estender a todos os que saem dele?

Quando uma doutrina filosófica ou um dogma religioso conduz a tais inconsequências, pode-se assegurar que esse dogma ou essa doutrina são erros manifestos, e temos o direito de procurar uma explicação melhor para essas aparentes anomalias. Desde, então, a explicação pelas vidas sucessivas adquire um valor incontestável, pois que oferece uma solução racional a todos os problemas que, sem ela, permaneceriam insolúveis.

De fato, se admitirmos que o nascimento atual é precedido por uma série de existências anteriores, tudo se esclarece e se explica facilmente.

Os homens trazem, ao nascer, a intuição daquilo que já adquiriram, e são mais ou menos adiantados, segundo o número de existências que percorreram. Sendo contínua a criação, existem em uma sociedade, ao mesmo tempo, seres cuja idade espiritual difere consideravelmente. Dai provêm as desigualdades morais e intelectuais que as diversificam.

Podemos, pois, dizer com Allan Kardec: Deus, em sua justiça, não podia criar almas mais ou menos perfeitas; mas, com a pluralidade das existências, a desigualdade que vemos nada tem de contrário à mais rigorosa equidade; ë que nós encaramos o presente e não o passado.

Este raciocínio repousa em um sistema, uma suposição gratuita?

Não. Partimos de um fato patente, incontestável, a desigualdade das aptidões e do desenvolvimento intelectual e moral, e achamos esse fato inexplicável por todas as teorias em curso, enquanto a sua explicação é simples, natural, lógica, por uma outra teoria. racional preferir a que não explica, àquela que explica?

Se as almas devem passar por todas as situações sociais e por todas as condições físicas para desenvolver-se moral e intelectualmente, as desigualdades de toda a natureza, que se verificam entre os seres, compensam-se na série das vidas sucessivas. Cada qual, há seu tempo, ocupará todos os degraus da escala social, o que cria uma perfeita igualdade nas condições do desenvolvimento dos seres; em virtude da lei de justiça, todos se encontram na condição social que melhor convém ao seu progresso individual, porque todo renascimento é condicionado pelas consequências das vidas anteriores.


GABRIEL DELLANE


Fonte: Livro: A Reencarnação – Gabriel Dellane