O INJUSTIÇADO
Meus irmãos,
Renasceu ele, propositadamente, em lar de amplos recursos
financeiros, família ajustada, sem maiores dificuldades. Entretanto, desde
cedo, manifestou seu gênio temperamental, o seu caráter negativo. Criança
ainda, ele já não conseguia sequer brincar com as outras crianças, que o
julgavam intolerável, por suas atitudes de desprezo e lamentações. E cresceu.
Vemo-lo, adolescente, solitário, sem conseguir relacionamento com colegas e
amigos, pois que, sempre apontava erros, procurava defeitos, negava tudo. Aí já
possuía o apelido de “desmancha prazer”. Tornou-se adulto.
Mais por tradição familiar que por gosto exerceu profissão
liberal, logo fracassada, pois que seus clientes não suportavam os seus
conceitos sombrios, as suas eternas queixas, o seu constante azedume. Casou-se,
construiu família, entretanto, não poderia nunca conseguir a harmonia e a
compreensão doméstica, tendo em vista estar sempre enclausurado dentro de si
mesmo, lamentando, lamentando. Até, que um dia, em consequência de perfuração de
úlcera péptica de fundo nervoso, deu-se o seu desencarne, considerado
prematuro. Após a primeira fase de torpor, proveio a estupefação e a surpresa
pelo conhecimento do seu verdadeiro estado, e sentiu-se repentinamente, alçado
para o alto. Enquanto subia, meditava nas belezas prometidas do reino dos céus,
na tranquilidade ansiada do paraíso, ele que sempre se considerou um
injustiçado, um incompreendido na Terra. E eis que, interrompida a ascensão,
viu-se diante de pequeno conselho, presidido por espírito venerando, de olhar
fraterno e amigo. E, antes que pudesse fazer qualquer inquirição, disse-lhe o
instrutor: “Querido irmão, benvindo mais uma vez ao nosso templo, temos prazer
em receber-te, entretanto, necessário te diga que em teus registros, possuímos
inúmeras reclamações de tuas reclamações; tiveste a oportunidade da redenção, e,
no entanto, não a soubeste utilizar; viveste existência vazia de realizações e
plena de queixas e lamúrias.
Tempo perdido. Serás caridosamente encaminhado à
organização assistencial do espaço, para o período de reeducação, através do
amor, da humildade, da fé e da resignação. Vai com Deus.”
Mais decepcionado do que triste, mais surpreso que
atônito, seguiu o nosso irmão à cata de novos horizontes à procura de novas
oportunidades, em busca de novas esperanças.
GUSTAVO
Médium: A. K. M. Silva
Fonte: Livro: Amor e Paz – A. K. M. Silva/Gustavo.
Mensagem psicografada no dia 10/04/79.
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