DEVER DOS PAIS
Tenho observado, com muito pesar,
que a maioria dos pais espíritas não tem a preocupação e o devido cuidado de
educar os seus filhos de conformidade com os ensinos religiosos, morais e
filosóficos da doutrina espírita, não se empenhando, desse modo e por isso
mesmo, na formação da sua mentalidade, segundo o Espiritismo.
Os pais espíritas têm,
incontestavelmente, um grande dever a cumprir. A eles, que se encontram
esclarecidos pela doutrina espírita, entregou a Providência, em boa hora,
alguns espíritos ainda sujeitos às penas e às provas do nosso mundo, que se
mostram desejosos de iniciar novos estudos sobre a vida espiritual e que
necessitam de uma assistência vigilante e carinhosa para ajudá-los a operar a
sua própria transformação.
É, dessarte, bem grave a
responsabilidade que pesa sobre os ombros dos pais espíritas.
Eles não podem nem devem
dispensar aos seus filhos apenas a assistência material e os cuidados de uma
boa educação intelectual. Não devem tratar os filhos apenas como criaturas
humanas, cuidando dos seus corpos para torná-los fortes e sadios, sem se
preocuparem com as suas almas, que bem merecem um tratamento especial.
Aos pais que não são espíritas,
estão afetos encargos menores, de pouco valor moral.
Julgam eles que a instrução que
possam oferecer aos seus filhos e, uma boa assistência material pelos cuidados
com os seus corpos e com a sua saúde resumem tudo o que eles precisam, de sorte
que supõem que com isso, estão quites com a sua missão e não têm mais nenhuma
responsabilidade.
Com efeito, os pais não
espíritas, não podem fazer mais do que isso. Não podem dar mais do que têm.
Entretanto, os pais espíritas,
que têm recebido muito mais, graças à luz que o Espiritismo lhes proporciona,
precisam, também, dar muito mais.
Dispensar aos filhos toda sorte
de cuidados materiais, zelando sempre pela sua saúde, oferecendo-lhe a
necessária instrução, é, na verdade, alguma coisa, mas não é absolutamente tudo
o que os pais espíritas devem ar às criaturinhas que Deus colocou ao seu lado
para receberem a orientação e a educação evangélica, evidentemente
imprescindíveis aos seus espíritos.
O que infelizmente tenho podido
observar é que a maioria dos espíritas não se volta para o lar com o interesse
de imprimir à vida dos seus filhos e protegidos, uma diretriz nitidamente
cristã, para que eles, ao se tornarem adultos, possam ter a mentalidade e a
compreensão do verdadeiro espírita.
Quase sempre isso não sucede.
E vemos filhos de pais espíritas
casarem-se na Igreja, voltarem-se, por convencionalismo social católico, para
as coisas da religião romana, batizarem os seus filhos, desviando-se
lamentavelmente dos métodos de vida e dos princípios da crença dos velhos pais,
sobre os quais pesa a enorme responsabilidade e a grande culpa dos desvios dos
seus filhos e dos seus netos.
É preciso atentar bem no dever
dos espíritas. Deles a providência está exigindo muito mais do que dos outros
em todos os sentidos e, principalmente, de tudo o que se relaciona com os
deveres materiais e, sobretudo, morais da família.
Desinteressar-se da sorte e do
destino espiritual dos filhos é um crime de que hão de prestar severas contas
os pais espíritas.
Os lares espíritas estão
recebendo espíritos de toda a categoria uns que necessitam de carinho e amor
para resgatar pesados compromissos, outros que têm desejo de melhorar suas
condições espirituais, abandonando aqueles velhos hábitos e caducas práticas
religiosas que abraçaram no passado e, enfim, outros que escolheram, na
erraticidade, a tarefa de pregar a verdade e trabalhar na seara espírita e
precisam encontrar ambiente próprio para o desenvolvimento das suas superiores
atividades.
Nestas condições é o lar espírita
o mais indicado para receber os espíritos que estão despertando para o
conhecimento da vida espiritual e não podem dispensar o auxílio moral mais ou
menos eficiente dos seus pais, a quem está afeta a grandiosa missão de preparar
ovelhas para o rebanho do sagrado e divino Pastor, que é N. S. Jesus Cristo.
Se os pais espíritas não se
conduzirem de modo a dar aos seus filhos a orientação espírita e uma perfeita
educação evangélica, podem ficar sabendo que faliram na sua missão, devendo
voltar em novas existências para tentar experiências semelhantes.
Porque a educação intelectual e a
assistência material de toda a hora, até os pais não espíritas e os
materialistas e ateus sabem muito bem proporcionar aos seus filhos, que todos
muito amam.
É conveniente, pois, que todos os
espíritas compreendamos bem os nossos deveres não só materiais como morais,
para que, no futuro, não tenhamos que nos acusar e fiquemos com a consciência
em paz.
Eduquem os espíritas os seus
queridos filhos de acordo com os princípios espíritas, procurando plasmar na sua
fisionomia espiritual a beleza dos ensinos evangélicos, para que eles se sintam
bem exemplificando as virtudes que identificam os verdadeiros discípulos de
Jesus Cristo.
Não há quem possa, portanto,
contestar a grandeza do dever dos pais espíritas, porquanto, do exato e fiel
cumprimento desse dever está dependendo, entre nós, neste mundo, o futuro
progresso e desenvolvimento da Doutrina Espírita, única que pode salvar a
humanidade pelas consolações, pelos conhecimentos, pela verdade e pela luz que,
em mancheia, distribui por toda a parte.
DJALMA
MONTENEGRO DE FARIAS
Fonte Livro: Obras Completas de
Djalma Farias, Vol. I.
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