CARTA AOS NAMORADOS
Todo cuidado é pouco, no tocante aos
vossos convívios. Lembrai-vos que o
fogo, perto de inflamável é um perigo.
Como é natural, o
namoro denuncia fragrâncias de felicidades, mesmo que seja passageira. Acima do
que o par almeja no namoro, a realidade é que existe uma troca de fluidos mais
ou menos grande, de acordo com o grau de sintonia dos que se dispuseram a se
gostar. Se na realidade forem almas afins, com poucos dias de convívio
perceberão que são velhos amigos, e, verdadeiramente, o são.
A simpatia nada mais
é do que vibrações expelidas pelas almas nas mesmas freqüências, o que
poderemos chamar de correspondência de um pelas coisas do outro. É de bom senso
compreender que, quanto mais somarmos tendências compatíveis com alguém, mais
afinamos os nossos ideais para com essa pessoa, constituindo, se assim podemos
nos exprimir, as “almas gêmeas” que, a nosso ver, existem em muitos graus, nas
esferas em que nós propusemos a viver. Certo é que sempre temos uma outra alma
que faz vibrar mais as nossas sensibilidades, que nos estimula mais na vida.
Pois é essa que corresponde mais aos nossos anseios e nós aos dela. Não é essa
a porta para a felicidade? Inimizade consiste em que? Claro que são opiniões
divergentes, ambiente diversificado, discussão, briga, etc. O que é o amor? O
amor é harmonia, é entendimento, é alegria, é paz.
A verdadeira
felicidade pode começar quando nós amamos a quem nos persegue e calunia, mas
somente se completa quando somos correspondidos pelo mesmo amor e nas mesmas
condições de amar por amor. Fora disso ficaremos esperando até conhecermos a
verdade.
Bem, o namoro é o
encontro de duas almas que encontraram algo em comum, e a continuidade dessa
amizade depende de novas descobertas de atos e coisas, de pensamentos e ideais,
que vibrem em completa conexão com os dois corações, Caso um encontre outro com
mais promessa afetiva e tendências mais compatíveis com as suas, está sujeito a
abandonar o primeiro, por lhe agradar mais o segundo namoro, e não nos lares já
assegurados pelas responsabilidades das duas almas.
Ninguém se une por
distração. Há uma lei viva, plasmada em todas as modalidades dos nossos
impulsos, disciplinando as nossas uniões, para não fugirmos dos nossos
compromissos. No caso do casal que descobriu a falta de sintonia depois da
consumação dos esponsais, são os cônjuges situados como enfermos, cuja cura se
processa com o perdão, resgatando os débitos de um para com o outro.
Os namorados estão
nas fases primeiras de impulsos magnéticos, são arremessos luminosos que se
acasalam com mais ou menos expressão espiritual, e as permutas sensíveis são
feitas em cadeia, assimiladas pelos plexos, que se apresentam com maior vigor
no tocante ao coração, e os intrincados laboratórios de sensibilidades inexplicáveis
registram, com grande segurança, a cota maior ou menor de afinidade dos dois
seres em questão. São aprovados pelos corações, desde que também tenham
aprovação do carma e, se não houve afeição conjugada, não haverá nenhum
interesse para os dois espíritos de se compromissarem diante da lei.
Essa missiva aos
namorados, como só acontece com os pedestres em grande metrópole diante de
incontáveis carros em corrida vertiginosa, é uma buzina de alerta ou um sinal
de responsabilidade, se devem ou não passar de um lado para o outro. Começar a
namorar é início de plantio; escolhei, para que as colheitas não venham
estragar as vossas vidas. Quem planta ventos, não pode colher bonança.
Os moços devem
respeitar a moral estruturada pela nação na qual vivem. Cada povo tem seus
costumes compatíveis com o grau de elevação que já alcançou. No entanto o
respeito à disciplina e a compreensão de até onde vão os direitos de cada ser. É
necessário para o próprio bem. O bom senso em todas as horas e junto a todas as
leis, o cuidado nas conversações marcará o quanto já atingistes em pureza espiritual.
Antes de frequentar
a casa de uma moça, o moço deve estudar com urgência as regras adotadas naquele
lar, não querendo mudar os costumes dos pais para com os filhos; deve ser
inteligente e cristão, porque a tolerância respeitosa poderá lhe abrir maior
confiança no novo lar, o que às vezes é o móvel da sua felicidade. Quando
fazemos a nossa parte, o resto certamente já foi feito por Deus. O vigor da
juventude está nas trocas energéticas entre os seus iguais.
Impedir que os
jovens namorem, se gostem e se amem é querer impedir a própria vida. Todavia,
querer ajudá-los para que tudo isso se processe com amplitude de conhecimentos
e com maior rendimento para o bem, é ajudá-los na conquista da própria
felicidade.
Meus filhos, quanto
mais avançardes no terreno das intimidades, mais criais problemas intrincados,
e os açoites das promessas sem fundamentos tornar-se-ão coceiras de difícil
cura para os vossos corações. Fazei de conta que estais andando em um carro em
declive assustador, não tireis os pés dos freios, pois os impulsos domados
evitam calamidades.
Meu filho, a moça
que estais namorando é irmã de outro rapaz como vós e filha de outro homem igual
a vosso pai, e tem mãe e irmãos. Em caso de invigilâncias, lembrai-vos do vosso
lar e não queirais fazer aos outros o que não quiserdes pra os vossos. O namoro
para os jovens ou para alguém que pretende a paz dos outros é um fortificante
de almas, como poderá ser veneno para os corações, dependendo do modo pelo qual
usais esses momentos de esperança.
MARIA NUNES
Médium: João Nunes
Maia
Fonte: Livro:
Cinquenta Missivas – João Nunes Maia/Maria Nunes – ICI – Intercâmbio Cultural.
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