PARTE I
Iniciaremos hoje, a
publicação de algumas mensagens e citações dos poetas, filósofos, místicos,
religiosos, etc., sobre os assuntos:
REENCARNAÇÃO,
O ESPÍRITO IMORTAL, AS CAUSAS DO SOFRIMENTO E A MORTE:
AUTORES
DIVERSOS:
NÃO
MORRERAM, PARTIRAM ANTES
AMADO
NERVO
(Juan
Crisóstomo Ruiz de Nervo)
Poeta
e Diplomata mexicano - 1870-1919.
Choras teus mortos com tamanho desconsolo que, até parece que és eterno.
Not dead, but gone
before, diz sabiamente o ditado inglês. Não morreram, partiram primeiro.
A tua impaciência
agita-se como loba faminta, ansiosa de devorar enigmas.
Porventura, não
deves tu morrer um pouco depois e não saberás então, forçosamente, a chave de
todos os problemas, que talvez sejam de uma transparente e deslumbradora
simplicidade.
Partiram primeiro...
Para quê interrogá-los com nervosa insistência?
Deixa ao menos que
sacudam o pó do caminho, que refaçam no regaço do Pai os pés sangrentos de
tanto peregrinar.
Deixa ao menos que
apascentem os olhos nos verdes campos da paz.
O comboio espera.
Porque não preparas
a tua bagagem?
Seria esta uma
tarefa mais prática e eficaz.
Ver os teus mortos
está de tal modo perto e inevitável, que não deves alterar com a menor pressa
as breves horas do teu repouso.
Eles, com um
conceito cabal do tempo, cujas barreiras transpuseram num só impulso, hão-de
esperar-te tranqüilos.
Tomaram simplesmente
um dos comboios anteriores...
Not dead, but gone
before...
REPARAÇÃO
AMADO
NERVO
(Juan
Crisóstomo Ruiz de Nervo)
Poeta
e Diplomata mexicano - 1870-1919.
(Poesia dedicada a sua falecida esposa Ana Cecilia Dailliez.)
(Poesia dedicada a sua falecida esposa Ana Cecilia Dailliez.)
Eu nesta vida não a soube amar!
Dá-me outra vida, ó Deus, pra reparar
as minhas omissões,
para amá-la com tantos corações
quantos tive em meus corpos anteriores;
para coalhar de flores,
de risos e de glórias seus instantes;
para cobrir seu peito de diamantes
e na rede dos lábios deixar presos
os enxames de beijos
que não lhe dei nas horas já perdidas...
Se é certo que vivemos muitas vidas
(de acordo com a crença teosófica),
Senhor, outra existência
de esmola rogarei,
para amá-la bem mais do que já amei,
para que nela nossas almas sejam
tão unas, que as pessoas que nos vejam
ir até Deus em êxtase total,
digam: “Como se quer esse casal!”
Ao mesmo tempo em que nós murmuramos
com um instinto lúcido e profundo
(enquanto nos beijamos como loucos):
“Talvez já nos amamos
com este mesmo amor em outro mundo!
Dá-me outra vida, ó Deus, pra reparar
as minhas omissões,
para amá-la com tantos corações
quantos tive em meus corpos anteriores;
para coalhar de flores,
de risos e de glórias seus instantes;
para cobrir seu peito de diamantes
e na rede dos lábios deixar presos
os enxames de beijos
que não lhe dei nas horas já perdidas...
Se é certo que vivemos muitas vidas
(de acordo com a crença teosófica),
Senhor, outra existência
de esmola rogarei,
para amá-la bem mais do que já amei,
para que nela nossas almas sejam
tão unas, que as pessoas que nos vejam
ir até Deus em êxtase total,
digam: “Como se quer esse casal!”
Ao mesmo tempo em que nós murmuramos
com um instinto lúcido e profundo
(enquanto nos beijamos como loucos):
“Talvez já nos amamos
com este mesmo amor em outro mundo!
Fonte: Livro: A Amada Imóvel - Amado
Nervo - Editora Ateniense.
TRANSMIGRACION
AMADO
NERVO
(Juan
Crisóstomo Ruiz de Nervo)
Poeta
e Diplomata mexicano - 1870-1919.
MMMM ant. Christ.
MDCCC post. Christ.
A veces, en sueños, mi espíritu finge escenas de vidas lejanas: yo fui un sátrapa egipcio de rostro de esfinge, de mitra dorada, y en Menfis viví.
A veces, en sueños, mi espíritu finge escenas de vidas lejanas: yo fui un sátrapa egipcio de rostro de esfinge, de mitra dorada, y en Menfis viví.
Ya muerto, mi alma
siguió el vuelo errático, ciñendo em Solima, y a Osiris infiel, la mitra
bicorne y el efod hierático del gran sacerdote del Dios de Israel.
Después, mis plegarias alcé con el druida Y en bosque sagrado Velleda me amó. Fui rey merovingio de barba florida; corona de hierro mi sien rodeó.
Más tarde de nobles feudales, canté sus hazañas, sus lances de honor, yanté a la su mesa, y en mil bacanales sentíme beodo de vino y de amor.
Y ayer, prior esquivo y austero, los labios al Dios eucarístico, temblando, acerqué: por eso conservo piadoso resabios, y busco el retiro siguiendo a los sabios y sufro nostalgias inmensas de fe.
Fonte: Místicas – Buenos Aires – coleccion el buen lector.
CADA
INDIVÍDUO
ANTÔNIO
FELICIANO DE CASTILHO
Notável
escritor romântico português - 1800-1875.
O individuo não é só
a alma; o corpo que a reveste, a serve, e tantas vezes a domina, é mais que
sujeito a continuas e espantosas variações; renova-se incessantemente,
perecendo e renascendo a cada instante; a sua carne de hoje era ainda ontem
vegetais, ruminantes, aves, peixes, água nas fontes, gazes na atmosfera,
calórico no sol, terra debaixo dos pés, e eletricidade sabe Deus por onde;
congregaram-se essas miríadas de partículas... existiu; amanhã
partirão, todas elas destacadas para novas combinações e destinos, sem que o
espírito lhes haja sentido a fuga, porque outras partículas, acorridas do
universo, terão vindo rendê-las sem estrondo nem abalo.
Neste sentido cada
indivíduo é simultaneamente filho, irmão, e pai, influidor e influido,
conservador, destruidor, modificador, herdeiro, usufrutuário, e testador, de
quantos entes sensitivos, vegetativos, inorgânicos, imperceptíveis,
imponderáveis, são, como ele, parcelas componentes do planeta em que ele se
proclama senhor e potentado.
Fonte: Livro:
A Chave do Enigma - Antônio Feliciano de Castilho.
Do não manifesto eu
vim e armei minha tenda na Floresta da Existência Material. Passei através dos
reinos mineral e vegetal, e minha bagagem mental levou-me ao reino animal; lá
chegando, fui além; e na concha cristalina do coração humano em Pérola,
cuidadosamente, a gota do 'eu' tornei. E associado a bons homens andei ao redor
da Casa de Oração, e tendo isso experimentado, fui além; tomando o caminho que
leva a Ele, converti-me num escravo em Seu portal; então, a dualidade
desapareceu; tornei-me absorvido Nele.
ABDULLAH
ANSARI
(Khwaja
Abdullah Ansari de Herat) - Poeta e filósofo sufi persa - 1006-1088
A Reencarnação
contém uma explicação mais reconfortante da realidade por meio da qual o
pensamento indiano supera dificuldades que confundem os pensadores da Europa.
ALBERT
SCHWEITZER
Médico,
humanitarista, teólogo, filósofo e escritor Alsaciano-Alemanha, hoje região
administrativa da França - 1875-1965.
AS CAUSAS DO
SOFRIMENTO
AMADEUS
VOLDBEN
Escritor
e filósofo místico italiano - 1908-1999.
As causas dos
sofrimentos não são atuais, devem ser procuradas na carga acumulada no passado:
este é o destino provocado pelas ações que nos seguem sempre, até que a carga
esteja completamente esgotada. Cada um recebe da vida o bem ou o mal na medida
do próprio karma e em razão daquilo que deve receber para a própria evolução.
Ninguém pode nos fazer um mal que nós já não tenhamos feito a outros.
Alguns dizem:
"Eu não fiz mal a ninguém", afirmando com isso terem sido atingidos
injustamente. Mas isso não é exatamente a verdade. De fato, não há efeito sem
causa: ninguém poderia ser atingido se ele próprio não fosse responsável pela
colocação da causa.
As causas podem
inclusive ser longínquas, e a memória do homem é tão débil e tão pouco
desinteressada que ele tende a lembrar preferencialmente aquilo que lhe agrada.
O resto é colocado lá no fundo da memória, no inconsciente.
A abundante bagagem
das vidas passadas é um armazem realmente inexplorado, do qual nada sabemos.
Ensinamentos populares errados instalaram na mente dos homens o absurdo de uma
única existência. Mas hoje em dia a verdade da reencarnação é universalmente
difundida, pois é a mais lógica e a única capaz de explicar tantos fatos que
não poderiam ser explicados de outra forma. Fonte: Livro: Como Evitar as
Influências Negativas - Amadeus Voldben - Editora Pensamento.
CONFISSÕES
REFERENTES A MINHA VIDA ANTERIOR
BAAL
SHEM TOV
(ISRAEL
BEN ELIÉZER)
Rabino
polonês e mestre cabalista, fundador do Chassidismo - 1698-1760.
Há muitos anos - relatou o Rabi Israel Ben Eliézer (Baal Shem Tov) aos seus discípulos - na cidade sagrada de Safed, viveu um judeu simples, mas temente a Deus. Embora não fosse abençoado com uma mente brilhante nem talentos excepcionais, ele servia a Deus com sinceridade e espírito humilde.
Certa noite, muito
tarde, alguém bateu à sua porta. Ali na entrada havia um homem idoso com uma
longa barba branca, e uma face tão radiante quanto o céu. Sou Eliyáhu, o
Profeta - disse o visitante. 'Vim aqui para abrir sua mente e seu coração, e
ensinar-lhe os mais profundos segredos da Criação.
No dia de seu bar mitsvá' - continuou Eliyáhu, você realizou uma ação notável e maravilhosa, algo que reverberou por todo o Universo. Os anjos e almas que habitam nos Altos todos se perguntaram: o que foi que este homem fez, para inundar os céus com esta luz tão magnífica, como não se via há gerações? Porém sua ação era radiante demais para nós contemplarmos.
No dia de seu bar mitsvá' - continuou Eliyáhu, você realizou uma ação notável e maravilhosa, algo que reverberou por todo o Universo. Os anjos e almas que habitam nos Altos todos se perguntaram: o que foi que este homem fez, para inundar os céus com esta luz tão magnífica, como não se via há gerações? Porém sua ação era radiante demais para nós contemplarmos.
Diga-me o que você
fez - disse Eliyáhu - e eu revelarei coisas que somente as almas mais especiais
têm o privilégio de saber.
Aquilo que eu fiz -
respondeu o morador de Safed - fiz somente para Deus. Não é para o conhecimento
de nenhuma criatura, seja homem ou anjo.
Eliyáhu implorou e adulou, prometendo dons espirituais ainda maiores. Porém o homem ficou firme em sua recusa, e o profeta-anjo partiu de mãos vazias.
Eliyáhu implorou e adulou, prometendo dons espirituais ainda maiores. Porém o homem ficou firme em sua recusa, e o profeta-anjo partiu de mãos vazias.
Em minha vida
anterior - concluiu o Baal Shem Tov - eu fui aquele homem.
Fonte:
www.chabad.org.br/rebe/artigos_novos/Baal_shem_tov.html
O
POETA E O ATEU
CATULO
DA PAIXÃO CEARENSE
Poeta,
músico e compositor brasileiro - 1863-1946.
(Um Poeta e um Ateu passeavam, pela
manhã, em uma floresta. O Poeta, admirando as maravilhas da Natureza, não se
cansava de falar em Deus. O descrente, importunado de tantos louvores ao
Criador, batendo-lhe no ombro, afavelmente, assim lhe disse:)
O ATEU
“Deus, ó Poeta amigo,
“é uma invenção do homem!
“Os homens, criando Deus,
com Deus mais se consomem!
“A tal vida do Além
“não passa de pilheria!
“Sabes qual é meu Deus?
“É a Matéria! A Matéria!
“é uma invenção do homem!
“Os homens, criando Deus,
com Deus mais se consomem!
“A tal vida do Além
“não passa de pilheria!
“Sabes qual é meu Deus?
“É a Matéria! A Matéria!
Ora!... Dize entre nós,
“mas dize com franqueza:
- “Pode haver outro Deus
“mais Deus que a Natureza?!
“Porque é que existe a morte
“e existe o sofrimento?!
“Porque é que a vida humana
“é sempre um desalento?!
“mas dize com franqueza:
- “Pode haver outro Deus
“mais Deus que a Natureza?!
“Porque é que existe a morte
“e existe o sofrimento?!
“Porque é que a vida humana
“é sempre um desalento?!
Oh! Não! Mil vezes não!
“Não creio! Eu sou Ateu!
Mas, se é que Deus existe,
então ele é um judeu!
“Não creio! Eu sou Ateu!
Mas, se é que Deus existe,
então ele é um judeu!
“Em que pensas agora,
“ó alma dolorosa?!
“Vamos! Responde, ó Poeta!
“Mas não em verso: em prosa.”
“ó alma dolorosa?!
“Vamos! Responde, ó Poeta!
“Mas não em verso: em prosa.”
* * *
E o Poeta, em cujo olhar
A Fé transparecia,
Não quis falar proseando...
Respondeu-lhe, rimando,
Respondeu-lhe em poesia.
A Fé transparecia,
Não quis falar proseando...
Respondeu-lhe, rimando,
Respondeu-lhe em poesia.
* * *
O POETA
“Vê! Reverdece a terra
“e a ave ali gorjeia!
Vergéis e matagais
“ostentam seus verdores!
“A passarada canta!
“A Flora é uma sereia!
“E a campina estrelada
“é um céu cheio de flores.
“e a ave ali gorjeia!
Vergéis e matagais
“ostentam seus verdores!
“A passarada canta!
“A Flora é uma sereia!
“E a campina estrelada
“é um céu cheio de flores.
“A terra, sob a geada,
“estava amortecida!
“A Morte não destrói:
“em si a vida encerra!
“estava amortecida!
“A Morte não destrói:
“em si a vida encerra!
“Que foi preciso, Ateu,
“para vida à vida?!
- “O sol espanejando a luz
“por toda a terra!
“para vida à vida?!
- “O sol espanejando a luz
“por toda a terra!
“Ateu! A Morte é vida,
“a Morte é onipotente!
“Parece, mas não é,
“um poder destruidor!
“Quando o fruto amadura,
é para dar semente,
“que, em breve, há de voltar
“ao que já foi: a flor!
“a Morte é onipotente!
“Parece, mas não é,
“um poder destruidor!
“Quando o fruto amadura,
é para dar semente,
“que, em breve, há de voltar
“ao que já foi: a flor!
“Este formoso ipê
“já viu cair-lhe a folha,
que, transformada em seiva,
à vida lhe assegura!
“já viu cair-lhe a folha,
que, transformada em seiva,
à vida lhe assegura!
“É natural, também,
“que a Morte, assim recolha
“uma alma, e a reencarne
“para a tornar mais pura!
“que a Morte, assim recolha
“uma alma, e a reencarne
“para a tornar mais pura!
“Não vês neste casulo,
“nesta coisa asquerosa,
‘- a largata, a dormir?
“nesta coisa asquerosa,
‘- a largata, a dormir?
“- É um cadáver – dirás!
“Pois bem, desta crisálida
“mimosa borboleta
“em breve há de sair!”
“Pois bem, desta crisálida
“mimosa borboleta
“em breve há de sair!”
Fonte: Livro: Fábulas e Alegorias -
Catulo da Paixão Cearense - Editora A Noite - Rio de Janeiro.
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